O “derby” eterno entre Ginásio e Nazarenos, marcado para este domingo, tem um aliciante extra. Nos bancos das duas equipas vão estar sentados os irmãos Walter e Wilson Estrela, que durante os 90’ vão colocar de lado a amizade, o afecto e a ligação que nutrem desde crianças para defender os respectivos emblemas.
A jogar em casa, Walter não esconde que o “derby” vai ser “um jogo especial”. “Já seria pelo simples facto de ser diante da equipa da terra que já considero minha. Mais especial se torna por ter os meus irmãos do outro lado”, reconhece o treinador do Ginásio, secundado pelo “rival” do Nazarenos.
“Não deixa de ser interessante que na minha época de estreia enquanto treinador, faça o meu primeiro ‘derby’ frente à equipa treinada pelo Walter. Cada um vai lutar pelo melhor resultado, mas espero que no final ele fique menos satisfeito que nós”, refere Wilson, que partilhou o balneário, enquanto jogador, com
o mano no Caldas e no Gil Vicente. Apesar da grande rivalidade entre os adeptos dos dois clubes, na família Estrela o jogo está a ser visto com normalidade. “ Falamos do assunto mais em jeito de brincadeira”, diz
Walter.
O mano mais novo, Wagner, adjunto de Wilson no Nazarenos, faz notar que a curiosidade de os irmãos se defrontarem neste jogo “mexe mais com as pessoas, que acham a situação engraçada”. “Para nós é apenas mais um jogo”, explica o antigo avançado, o único dos irmãos Estrela que jogou nos dois clubes. Aliás, outra curiosidade reside no seguinte: Walter treina o Ginásio, mas só jogou no Nazarenos; Wilson é técnico do Nazarenos, mas começou e terminou a carreira no Ginásio, não tendo jogado na equipa da terra que o acolheu após ter saído de Angola.
Enquanto jogadores, Walter e Wilson tiveram uma carreira de baixo para cima, subindo a pulso. Como treinadores, ambos esperam ter trajectos semelhantes, embora reconheçam que esse objectivo ainda está longínquo. “Recebi o convite para treinar o Nazarenos com grande orgulho, mas é evidente que começar
pelos distritais não é um grande cartão de visita. Não quero queimar etapas, gostaria de atingir outros patamares, mas não vivo obcecado com isso”, refere Wilson, enquanto Walter complementa:
“O meu pai ensinou-me a acreditar em nós próprios e trabalhamos com paixão e alegria para chegar mais alto. Se vou conseguir, não sei, porque não faço futurologia”. Para já, a prioridade de ambos passa pelo “derby”, no qual Wilson passa a bola, leia-se a responsabilidade, para o mano: “O Ginásio tem um plantel que foi estruturado para atingir outros objectivos, mas cabe-me motivar os meus jogadores para sermos capazes de vencer”. Walter, por seu turno, assume o favoritismo
para as cores do Ginásio. “Apesar de ser um ‘derby’, cujo resultado é sempre imprevisível, não vou fugir às minhas responsabilidades. Queremos que o Nazarenos se sinta desconfortável em todas as fases do jogo e somar os 3 pontos. Mas sabemos que vamos enfrentar uma equipa forte”. Os dados estão, deste modo, lançados. Então, venha de lá esse “derby”!

Joaquim Paulo - Região de Cister