O HC Turquel terminou o ano em lugar de subida à 1ª Divisão e o técnico Paulo Baptista, em entrevista concedida por escrito ao REGIÃO DE CISTER, admite que regressar ao convívio dos grandes do hóquei em patins nacional é um objectivo do clube. Sem descurar a base, que assenta na formação de jogadores.

“Formação terá de ser sempre a mola real deste clube” 
 
Paulo Baptista - “O HC Turquel faz falta à 1ª Divisão nacional”. 

REGIÃO DE CISTER (RC): A carreira do HC Turquel no campeonato está dentro das expectativas?

PAULO BAPTISTA(PB): Está, considerando que nas últimas épocas o clube se tem posicionado nos lugares cimeiros, a sua actual classificação (2º lugar) enquadra-se naquilo que se esperava da equipa, ou seja, continuar no topo da classificação.

RC: O clube não disputa o escalão principal desde 2002/03. Acredita que na próxima época isso será uma realidade?

PB: Tudo dependerá se todos os elementos continuarem a evoluir individualmente, assim como a própria equipa melhorar também, consolidando os processos colectivos. Só com uma evolução efectiva, a todos os níveis, poderemos atingir esse objectivo. O processo é longo e exigente, não é para fracos, é para pessoas que exigem muito de si e que estão dispostas a sacrificar-se e a mudarem hábitos pessoais que têm em prol da equipa. Se acontecer agora tanto melhor, se não for agora é preciso continuar na linha que se tem neste momento e naturalmente a subida acontecerá. No entanto, é preciso ter consciência que todos temos de ser melhores - não só no aspecto técnico - para termos uma melhor equipa. O quadro competitivo em que
estamos inseridos não é fácil.

RC: Como é que o HC Turquel consegue competir com clubes de maior poderio financeiro? A formação é suficiente para que o clube singre a nível nacional?

PB: A formação terá de ser sempre a mola real deste clube, sabendo que, caso a subida de divisão aconteça, terá de haver uma gestão desportiva muito equilibrada, pois será sempre
necessário reforçar a equipa, em termos de jogadores. A subida de divisão é um processo díficil, a descida poderá ser muito fácil... O  aspecto financeiro é importante concerteza, mas o que será determinante é a qualidade das pessoas que compõem a equipa.

RC: A sua contratação foi uma surpresa. Como se processou?

PB: Surgiu através da conjugação de vários factores, nomeadamente da necessidade que tinha de ficar ao pé de casa para recuperar de um problema de saúde que vivi o ano passado, da necessidade de fazer um mestrado e, claro, da vontade dos dirigentes em me contratar, que foi determinante e que me honrou bastante.

RC: Os jogadores comentam o facto de serem dirigidos por um ex-seleccionador nacional?

PB: Não sei, nem me interessa. Para mim o que conta é se eles dia após dia são melhores. Se o conseguirem terão toda a legitimidade em aspirarem a competir com os melhores jogadores do hóquei nacional.


RC: Mas como foi voltar a trabalhar num nível inferior ao que estava habituado?

PB: Nunca tinha trabalhado na 2ª Divisão. Não tenho nenhum complexo relativamente a isso. O que interessa é fazer dos jogadores melhores - esse é o trabalho do treinador - e também seleccionar, pois isto é um processo selectivo.
Nem todos têm capacidade para evoluir a nível hoquístico e como queremos nivelar por cima não podemos travar o processo de evolução do clube. Um clube com ambição tem de ter esta filosofia sempre presente e os jogadores têm de perceber que para jogarem no HC Turquel têm, necessariamente, de trabalhar para serem melhores. Devo dizer que da parte dos jogadores a nível de entrega ao treino só tenho a elogiar.
Se assim não for os outros passam-nos à frente. Esta é a realidade, que não é nada romântica.

RC: Foi jogador do clube na 1ª Divisão. Como foram esses tempos?

PB: Foram marcantes, tanto a nível desportivo como a nível pessoal - tanto que acabei por casar em Turquel. O HC Turquel é um clube especial, tem é que implementar uma filosofia de exigência que potencie todo o capital humano que o constitui: jogadores, directores, sócios, adeptos, simpatizantes, apoiantes. É possível conciliar essa exigência com os actuais padrões ético-desportivos que regem o clube e que o
colocam já como uma referência nacional a nível de formação de hóquei em patins.


Joaquim Paulo  - Região de Cister